Adaptado de “A Epopéia do zebu” de Alberto Alves Santiago
História: A raça Sindi é originaria da região chamada de Kohistan, na parte norte da província de Sind, no atual Paquistão. A maioria dos autores incide em um erro quando diz ter a raça sua origem da zona de Karachi e Hyderabad. Nessas áreas e na margem esquerda do rio Hindus é encontrado grande número de animais em alta produção de leite, o que tornou a raça conhecida e apreciada, mas esses exemplares são importados dos distritos do Kohistan.
A variedade Las Belas, talvez a mais pura linhagem da raça, é encontrada no estado do mesmo nome, no Beluchistão, sendo muito semelhante ao gado vermelho do Afeganistão do qual, na opinião de Olver, deriva o Sindi. Devido, porem, a extensão territorial do rebanho Sindi, pode-se observar uma certa variedade de tipos, fora da sua zona de origem, e, por essa razão,quando se trata da escolha de reprodutores puros, há tendência de ir busca-los em Las Belas.
O clima da região de origem do Sindi apresenta-se semi-árido, pois as precipitações anuais variam de 250 a 300 milímetros, sendo as chuvas mais freqüentes entre julho e outubro e raras no inverno. A temperatura diurna não varia muito na maior parte do território, e no inverno apresenta a média de 17° a 20º C; de maio a julho varia de 31° a 33° C; máxima absoluta, 46-48°C e mínima absoluta, 1,6° e 4,5°C. Os ventos sopram geralmente do sudoeste durante os meses de abril e setembro, com uma velocidade de 43 a 54 quilômetros por hora. Nos demais meses, predominam os ventos do norte, os quais sopram com uma velocidade de 8 a 16 km/h.
No Brasil: Nas regiões Norte e Oeste da Índia, de onde nos veio a maioria do gado importado e principalmente o Gir, existe também algum gado Sindi, do qual nos chegaram em diferentes ocasiões alguns exemplares, fato devidamente registrado em nossas crônicas. Acredita-se ter sido provavelmente Sindi o reprodutor recebido na Bahia, em 1850, pelo Visconde de Paraguaçu; Na falta de fêmeas do mesmo tipo, que garantissem a perpetuação da raça, é evidente que seu sangue tenha se diluído na vacada crioula. Pouco depois, provavelmente entre 1854 e 1856, de conformidade com a carta que Joaquim Carlos Travassos dirigiu em 1906 ao Jornal dos Agricultores, entraram na Serra - Abaixo, expressão então usada para designar a Baixada fluminense, casais da variedade Sindi. O ilustre zootecnista descreve como sendo animais de pequeno porte, não excedendo 1 metro e 30 no cupim, porém reforçados, especialmente as vacas, “produtoras de excelente e abundante leite”.
Teofilo de Godoy em 1903 ficou conhecendo e soube apreciar esta raça, tanto que 3 anos mais tarde estava disposto a importá-la, juntamente com a Nelore, a Guzerá e a Hissar, conforme anúncios de sua viagem. Dentre os animais importados, por Francisco Ravísio Lemos e Manoel de Oliveira Prata, em 1930, foram identificados mais de um reprodutor Sindi e várias fêmeas.
Importação de 1952: Pode ser considerada uma verdadeira história de cinema a importação, em 1952, de gado sindi diretamente do Paquistão. O autor da façanha foi o diretor do Instituto Agronômico do Norte (IAN), Felisberto de Camargo, que trouxe consigo, num avião cargueiro inglês fretado, 31 animais da raça, sendo 28 fêmeas e três reprodutores.
A empreitada, que foi chamada por alguns de excêntrica, e por outros de audaciosa, tinha o objetivo de estabelecer na sede do IAN, em Belterra (PA), um centro de pesquisa da raça sindi. O plano era, primeiramente, fazer da região amazônica um local auto-suficiente em leite e manteiga e, depois, o Nordeste.
Após uma série de articulações junto ao Ministério da Agricultura, ao Itamarati, aos amigos e outros meios, Felisberto de Camargo partiu até a região de Karachi, estado de Sind, no Paquistão, para buscar a genética bovina que ele pretendia disseminar no Brasil.
Características: Os animais da raça Sindi são medianos, de bela aparência, adequados para regiões de poucos recursos alimentares, onde seria difícil a manutenção de animais de grande porte. Tem sido selecionada para dupla aptidão, com linhagens extremamente leiteiras e também com ótimo desempenho em abates técnicos.
A cabeça é pequena e bem proporcionada, de perfil convexo. Os chifres são grossos na base crescem para os lados, encurvando-se para cima. As orelhas tem tamanho médio e são caídas, com 25 a 30 centímetros de comprimento e 15 de largura; Adaptam-se facilmente a diferentes condições de clima e solo. São compactos, tendo os quartos traseiros arredondados e caídos.
O pescoço é curto e forte, mas delicado nas fêmeas; barbela de tamanho médio, mas desenvolvida, no macho, que tem a bainha pendulosa. O cupim é médio e pequeno nas fêmeas e relativamente grande nos machos, apresentando-se firme e bem colocado sobre a cernelha.
O Sindi Mocho começou a ser registrado pela ABCZ a partir do ano de 2002.
A pelagem é vermelha, variando do mais escuro ao amarelo-alaranjado; observam-se, às vezes, pintas brancas na barbela, na testa e no ventre, mas não tem manchas grandes. Os touros têm as espáduas e coxas em tonalidades mais escuras. Ao redor do focinho, no úbere, no períneo, e ao redor das quartelas a pelagem apresenta tonalidades mais claras. Nesta raça o branco é recessivo, aparecendo ocasionalmente, mesmo nos rebanhos puros, mas não é apreciado. A pele, levemente solta, é recoberta de pelos finos, macios e luzidios, a pigmentação da pele e das mucosas é escura. As unhas são fortes, compactas e de cor escura. A cauda é fina, longa, terminada por vassoura abundante, de cor escura ou negra.
O tronco é profundo, compacto, porem longo e tendendo para o cilíndrico; linha dorso-lombar reta e quase horizontal; dorso e lombo bem musculados, garupa arredondada, mas inclinada. O úbere é volumoso, com tendência e se tornar pendente; tetos muitas vezes grossos.
Os membros são curtos, finos, de ossatura delicada, bem feitos e corretamente aprumados; as articulações são pouco volumosas.
Descrição de padrão racial no CRGRZ: